Mostrar mensagens com a etiqueta Leitura. Mostrar todas as mensagens

O futuro do professor leitor: a necessidade da literatura no curso de Pedagogia.

“O espaço de leitura privilegiado é a escola, responsável por transmitir um corpus literário limitado, ordenado e valorizado segundo uma tradição uniforme, essencialmente literária'' (COLOMER, 2007,p.23 apud. IPIRANGA, 2019, p.107). 

Entre ir e vir, o ato de ler


| Arquivado em: WlaSan.

Profa. Maura Bolfer

A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente vai pra nunca mais
Tem gente que vai e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir
São dois lados
Da mesma viagem
(Milton Nascimento e Fernando Brant)
imagem: Acervo
Leitura: o que é?
Se nos determos à ilustração, podemos inferir que leitura é o ato de aquisição de saberes. Até porque o contexto onde se lê, uma biblioteca, carrega consigo a representação do lugar dos saberes. O uniforme das alunas, a aparência de concentração e, de certa forma o olhar interessado os livros, nos levam à imagem de leitura vinculada à informação, à formação.

Porém, podemos ir além da imagem. Podemos dizer que leitura talvez seja uma “atividade de aquisição de saberes”, “percepção das relações entre texto e contexto”, “ato de decifrar”, “atribuição de sentidos”, “instrumento de aprendizagem”, “ação intelectiva e cultural, posicionamento político diante do mundo” ou, ainda, “uma operação de caça”. É tudo isso e algo mais.

Como se lê?
Uns, “com os olhos”, outros “com a cabeça”, outros “com o que traz no ventre”, outros “com o corpo”.

Quais as formas de leitura?
Há diversas possibilidades. Pode ser “dinâmica”, “comprovada”, “declarada”, “automática”, “rápida”, “oral”, ou “silenciosa”...

Estabelecendo Relações
É possível aproximar “Encontros e Despedidas”, de Milton Nascimento e Fernando Brant do assunto leitura. Assim como há dois lados da “mesma viagem”, na leitura também há a interação de dois contextos: do texto e do leitor. O texto também traz dois lados: o real e o invisível. O real, presente na materialidade, torna-se visível, inteligível. O invisível, contido na subjetividade do texto, apresenta o interdito no visível.

Nessa interação, texto/leitor, é preciso considerar o suporte do texto e o repertório do leitor. O suporte, de certa forma, anuncia consigo o que está/será dito, carrega consigo informações e formações. O leitor, carrega consigo o contexto, os fatores emocionais/fisiológicos, o repertório e a intenção, que possibilitam a compreensão/interpretação.

É por conta dessa interação, das relações aí estabelecidas que a leitura pode ser múltipla, e não única, sendo construção de sentidos e redescoberta de significados. Isso é possível porque quando se lê, parafraseando Paulo Freire, o que é vivido, o que se tem como repertório, interfere na produção de sentidos, ou seja, a leitura de mundo precede a leitura da palavra.

É nesse movimento que as propostas de leitura, trabalhadas nas diversas disciplinas do curso de Pedagogia da WlaSan, pretendem desenvolver nas futuras professoras: a leitura de mundo.